Um calendário agrícola, entre outras funções, tem entre suas principais finalidades minimizar o risco climático. Em outras palavras, o planejamento do que será cultivado tem o intuito de garantir que o que foi plantado será colhido com boa produtividade.
Ocorre que, diferente de outras atividades econômicas, a agricultura depende inteiramente das condições do ambiente. Para lidar com a forte imprevisibilidade do clima, desenvolveu-se a Ciência Agrícola.
Aliás, os esforços humanos para compreender os ritmos terrestres e alinhar as produções agrícolas a esses ciclos é verdadeiramente ancestral: civilizações como Maias, Egípcios e Incas contavam com elaborados calendários para guiar os ciclos agrícolas em suas sociedades. Neste post, iremos descobrir como funciona um calendário agrícola no Brasil e como elaborar um que funcione em sua propriedade.
O que é um calendário agrícola?
Um calendário agrícola é a síntese, em forma de calendário, das informações que o produtor precisa para executar suas atividades de plantio, manejo e colheita do seu cultivo. Portanto, é uma expressão do planejamento agrícola feito por aquele produtor.
Também, o calendário agrícola serve para monitorar a implantação da cultura na área. A partir deste documento, o analista de safra pode acompanhar o que foi planejado x o que foi executado e assim gerenciar o cultivo.
Em resumo, um calendário agrícola deve incluir dados de:
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Regime hídrico: precipitação anual, início e término da estação de chuvas;
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Condições climáticas: variação de temperatura, velocidade do vento e umidade relativa do ar;
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Zoneamento agrícola;
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Análise do solo;
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Ecologia da espécie a ser cultivada;
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Disponibilidade dos cultivares recomendados em sua região.
Esses dados, uma vez compilados, devem ser analisados e validados conforme os objetivos da produção. Isto é, se você pretende plantar soja, deve verificar se as condições de chuva, solo, etc atendem os requisitos ecológicos da soja.
Também, existem diferentes cultivares para a mesma espécie, e essa informação deve ser avaliada antes de se finalizar o calendário para sua propriedade.
Onde coletar informações para elaborar o meu calendário agrícola?
No Brasil de hoje, o calendário agrícola é regido principalmente pelas recomendações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) por meio de publicações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Por sua vez, as informações disponibilizadas pela Conab baseiam-se em dados meteorológicos/climáticos, técnicos e científicos de diversas instituições oficiais. Sintetizamos a seguir as principais fontes oficiais de dados para o planejamento do agronegócio no Brasil:
Informações meteorológicas
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Meteorologia para a Agricultura - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
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Sistema de Monitoramento Agrometeorológico - Agritempo /Embrapa
Zoneamento agrícola:
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Sistema de Monitoramento Agrometeorológico - Agritempo /Embrapa (para encontrar seu Estado, procure pelos termos “zoneamento agritempo [seu estado]” no Google)
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Informações de secretarias de agricultura regionais
Disponibilidade de sementes e cultivares:
Além dessas informações, a própria Conab disponibiliza o calendário já pronto para as principais espécies agrícolas cultivadas no país, por região, anualmente. Complementarmente, instituições regionais costumam publicar as recomendações para espécies locais, como é o caso da Embrapa Amazônia Oriental.
Como elaborar um calendário agrícola para a máxima produtividade?
Para minimizar o risco climático e assegurar a produtividade, os agricultores desde tempos ancestrais elaboram os calendários agrícolas. Isso porque as condições de solo e clima regem totalmente o crescimento e desenvolvimento das plantas. Por esse motivo, o calendário agrícola deve ser sempre baseado na viabilidade técnica e econômica da implantação daquele cultivo.
Nesse sentido, identificar as regiões com melhor potencial de produção para dada espécie agrícola é o primeiro passo para trazer melhores chances de alta produtividade para sua produção. Apesar dessas condições climáticas serem praticamente incontroláveis, planejar o ano agrícola com antecedência minimiza os riscos da atividade.
Uma peculiaridade do Brasil é que nosso calendário é o mais dinâmico do mundo. Isso porque, devido ao tamanho do nosso território, é possível o cultivo de até três safras de grãos no mesmo ano agrícola, assegurando que há produção o ano inteiro. Essa é uma das razões para a grande competitividade do agronegócio brasileiro. É claro que, para aproveitar todo esse potencial, o planejamento bem feito é indispensável. Veja a seguir o passo a passo simplificado para a elaboração de um planejamento agrícola eficaz:
Delimitar os objetivos do plantio:
Como qualquer planejamento, a elaboração do calendário agrícola começa com o estabelecimento de objetivos. Com isso, é possível realizar o levantamento dos recursos necessários para a realização desse objetivo (técnicos, mão de obra, ecológicos, climáticos, entre outros)
Avaliar a Viabilidade técnica do plantio:
Note que um plantio é uma atividade de engenharia. Assim, ela deve passar pela avaliação de sua viabilidade técnica, de acordo com o perfil do cultivo a ser implantado. Entre as informações a serem averiguadas para validar a viabilidade técnica, podemos citar:
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Avaliação da adaptação da espécie vegetal ao local de cultivo: a escolha da espécie deve ser baseada em informações técnicas que corroborem essa seleção. Ou seja, se você pretende plantar soja, antes precisa verificar se a localidade onde você pretende instalar o cultivo é favorável ao crescimento da soja;
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Época de plantio recomendada para cada espécie naquele local;
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Tamanho da área a ser cultivada;
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Possibilidade de mecanização;
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Disponibilidade de mão de obra.
Avaliar a viabilidade econômica
Outro fator importantíssimo são os custos de produção associados ao objetivo de plantio. Entre os critérios de avaliação de viabilidade econômica, podemos citar:
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Tamanho do mercado consumidor;
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Distância da fazenda até os mercados consumidores;
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Sistema de distribuição da produção (logística);
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Impostos, regulamentações e acordos comerciais;
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Características socioeconômicas da localidade.
Planejar a rotação de culturas
Não é possível manter a fertilidade do solo com cultivos intensivos o tempo todo. Uma das técnicas mais antigas do mundo para lidar com o potencial esgotamento da fertilidade do solo é a rotação de culturas. Assim, o produtor estará otimizando a sua área cultivada, aproveitando melhor a atividade biológica assegurando a sustentabilidade ambiental e econômica de sua atividade.
Assim, para elaborar um calendário agrícola, utilize sempre informações de qualidade e recomendações de engenheiros agrônomos e florestais, que são os profissionais treinados para isso.
Um bom calendário agrícola baseia-se em dados climáticos, tais como precipitação, início e fim da época chuvas, variação de temperatura, velocidade do vento e umidade relativa do ar. Também, o zoneamento agrícola ajuda muito a direcionar o planejamento do calendário agrícola. De posse dessas informações, o produtor reduz os riscos de baixa produção, trazendo maior segurança ao seu empreendimento.
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