A exportação de commodities agrícolas é um dos pilares do agronegócio brasileiro. Todo ano, de acordo com a Lei de Política Agrícola, é elaborado o Plano Safra - ou Plano Agrícola e Pecuário - que contém as diretrizes gerais para a agricultura no país. Esse plano segue as Projeções do Agronegócio, feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que geralmente têm expectativas decenais.
Este plano, por sua vez, é baseado tanto nas políticas internas e necessidades de abastecimento do país quanto em acordos comerciais para exportação e importação. Em outras palavras, as forças que regem a economia agrícola são muitas. Para uma boa análise, portanto, deve-se avaliar tanto dados nacionais quanto internacionais de tendências de mercado e expectativas devido às mudanças políticas e comerciais.
Atualmente, uma das principais preocupações do mercado de exportação de commodities agrícolas é o conflito entre Estados Unidos e China. O impasse deve-se à imposição de tarifas de importação por parte de ambos os países e já vem apresentando consequências no mercado internacional.
Neste post, abordaremos de forma simplificada o desempenho de alguns dos principais produtos de exportação de commodities agrícolas, focando no mercado internacional. Acompanhe!.
Celulose e papel
Os produtos florestais ocupam, hoje, o 4º lugar em termos de valor de exportação do agronegócio brasileiro, abaixo apenas das commodities agrícolas complexo soja, carnes e complexo sucroalcooleiro. Entre 2018/2019, as exportações de celulose subiram em torno de 10%, o que acompanha a tendência de crescimento do setor.
De acordo com o MAPA, para os próximos 10 anos, a estimativa é de crescimento de 18,8% na produção de papel e de 31,4% na de celulose. Devido às suas características intrínsecas dinâmicas, no entanto, espera-se que o consumo de papel cresça mais do que o de celulose. As exportações de celulose, por outro lado, devem crescer 37% e as de papel em 10%. Os principais destinos dessa produção seguem os mesmos: 88,8% do papel é para o mercado interno e 73,2% da celulose produzida no Brasil é destinada ao mercado externo.
Após os investimentos recentes de empresas como a Suzano Papel e Celulose (MA) e a Celulose Rio-grandense, estima-se que novas unidades não sejam construídas nos próximos 10 anos. Dessa forma, espera-se que a produção de celulose aumente em 32%, enquanto a de papel deve crescer 20%.
Exportação de commodities agrícolas do complexo soja
O Brasil segue na liderança de produção de soja e derivados, competindo fortemente com os Estados Unidos. Conforme o USDA, essa competição irá fazer com o que os Estados Unidos reduzam sua área plantada com soja.
Alguns dos elementos para esse resultado é o aumento do uso de tecnologias de gestão rural e uso de técnicas de plantio que usam critérios de conservação do solo e de irrigação. O principal gargalo que o USDA identifica como um elemento retardante do avanço da soja é o elevado custo de transporte, que não deve reduzir tão cedo no Brasil.
A área cultivada com soja e cana-de-açúcar pode aumentar em 11,2 milhões de hectares, de acordo com o MAPA. Um fator de preocupação para a soja é a estagnação da produtividade, o que representa um obstáculo à sustentabilidade financeira e ambiental.
Os principais estados produtores de soja atualmente são Mato Grosso, com 28,1% da produção nacional; Rio Grande do Sul com 16,8%; Paraná com, 14,2%; Goiás, 9,9%; Mato Grosso do Sul, 7,4%.
Porém, a produção está migrando para áreas no Maranhão, Tocantins, Pará, Rondônia, Piauí e Bahia (MATOPIBA), que em 2018/19 responderam por 14,0% da produção brasileira. Outras culturas também estão se expandindo para o Norte, em especial para Rondônia, Pará e Tocantins em razão dos preços atrativos da terra.
Em termos de exportação de commodities agrícolas, o complexo soja tem um aumento previsto de 41,8% ao longo dos próximos 10 anos (2018/19 versus 2028/29), dado corroborado tanto por MAPA quanto por USDA.
Carnes
A carne é uma commodity que tem como característica a elasticidade atrelada à renda. Isto é, à medida que o padrão de consumo avança, mais carne bovina tende a ser consumida. Internamente, o Brasil ainda consome mais frango do que carne vermelha, tendência que pode vir a alterar-se de acordo com a melhoria da economia como um todo.
Por outro lado, o MAPA projeta que o Brasil torne-se líder na exportação de carne mundial nos próximos 10 anos. Em contrapartida, o USDA espera que Austrália e Índia sejam maiores produtores do que o Brasil. Para o USDA, os Estados Unidos devem seguir como os maiores importadores de carne vermelha no referido período.
Quanto às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de crescimento para carne suína, bovina e de frango. Espera-se um crescimento nas exportações de 3% ao ano. As exportações de carnes ao final do período das projeções (2028/29) aumentar em 32,6%, chegando a 9,3 milhões de toneladas.
Commodities agrícolas do complexo sucroalcooleiro
Conforme o MAPA, a projeção é de crescimento médio de 4,2% no período 2018/2019 a 2028/2029 para o açúcar. Porém, tem se observado uma tendência de redução na produção. Para o MAPA, esta redução se deve aos estoques mundiais elevados e internamente aos preços relativos favoráveis ao etanol.
O volume exportado em 2028/29 está projetado em 24,4 milhões de toneladas. Isso significa um aumento de 32,8% em relação às exportações de 2018/19 e a uma taxa anual de 2,9%
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, estima que o aumento da produção de etanol deveria situar-se no mínimo em 42,8 bilhões de litros, num cenário de baixo crescimento da economia. Porém, muitas empresas do setor sucroalcooleiro estão em dificuldades financeiras, o que afeta sua produtividade e capacidade de modernização.
Assim, as projeções para as principais culturas no Brasil para o longo prazo preveem aumento na produção de commodities como papel e celulose, grãos, carne e complexo sucroalcooleiro. Por outro lado, tanto o MAPA quanto o USDA alertam para a dificuldade na projeção do crescimento da produção em razão da desestabilização da economia brasileira nos últimos 2 anos.
Conforme o USDA, ainda que a expectativa para o Brasil seja de crescimento, para o curto prazo, espera-se que o avanço seja lento em razão das condições políticas que tornam lentas as reformas econômicas.
Assim, as projeções para a exportação de commodities agrícolas devem ajudar o planejamento do calendário agrícola para o produtor exportador. Para que as tendências de mercado possam ser bem aproveitadas, é essencial que o produtor esteja preparado, para ser capaz de responder rapidamente frente às mudanças mercadológicas. Aliás, a volatilidade é uma das principais características do mercado de commodities agrícolas, no geral. Isso destaca a importância do planejamento e do uso de informações de qualidade no campo.
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