O feijão guandu (Cajanus cajan) vem se destacando no Brasil devido a suas características de rusticidade e multifuncionalidades.
A planta traz benefícios ao solo, pois serve de adubo verde, e fornece nitrogênio para o sistema produtivo.
Também serve de cobertura vegetal, promove a descompactação do solo graças a seu sistema radicular agressivo e pode ser usado para alimentação animal.
Porém ainda existem algumas dúvidas sobre quando utilizar o feijão guandu, qual época para semear, se deve ser utilizado em consórcio com outras culturas ou não.
Nesse texto iremos apontar os principais benefícios que o feijão guandu pode proporcionar e como introduzi-lo no sistema de produção.
Características da planta
O feijão guandu é uma planta da família Fabaceae que pode ter um ciclo de vida variando de curto a tardio, (90 a 180 dias).
É um arbusto semidecíduo, com porte variando de 1 a 4 metros de altura. O sistema radicular é do tipo pivotante, cuja raiz principal pode atingir até 3 metros de profundidade.
Usado como adubo verde, rotação, consorcio ou sucessão, o feijão guandu fornece cobertura do solo com material vegetal.
Dessa forma, reduz o impacto das gotas da chuva, diminuindo a erosão e lixiviação de nutrientes, além de restringir a incidência de plantas invasoras.
Por fornecer matéria orgânica para o sistema, o guandu aumenta a capacidade de troca catiônica (CTC) do solo.
O guandu apresenta elevada produção de fitomassa, alta concentração de nutrientes na folha, e, por ser uma leguminosa, consegue fixar o N2 atmosférico por meio de associação simbiótica com bactérias.
Esses fatores fazem o feijão guandu ser uma ótima planta de cobertura.
Outro uso do feijão guandu no Brasil é na pecuária, a planta pode ser semeada em consórcio com uma gramínea para complementar a dieta do animal.
Por apresentar um vigoroso sistema radicular, o feijão guandu tem tolerância a seca, sendo suficiente um índice pluviométrico de 500mm anuais para a produção.
É tolerante também a solos de baixa fertilidade, com faixa de pH de 4,5 a 8,4. Algumas variedades são tolerantes a salinidade.
A planta tem uma boa capacidade de extrair fósforo e potássio do solo e pode ser considerada, portanto, uma espécie com elevada capacidade de reciclagem de nutrientes.
Ela retira-os das camadas mais profundas e disponibiliza-os a superfície do solo após sua dessecação, além de promover a descompactação do solo devido ao seu sistema radicular pivotante.
Como planta leguminosa, o feijão guandu tem capacidade de fixar até 170 kg de nitrogênio por hectare, sendo indicado para o uso na recuperação de pastagens degradadas.
Essas características, aliadas a capacidade de crescimento em condições adversas que limitam o crescimento, tornam o feijão guandu uma boa opção para intensificar o sistema produtivo.
Cultivo
O feijão guandu pode ser semeado em um espaçamento que varia de 0,40m a 1,00m entrelinhas com aproximadamente 10 plantas por metro linear. A profundidade varia de 2 a 5cm, sendo 5cm mais recomendado.
A taxa de semeadura pode chegar até 40kg de sementes por hectare, dependendo do espaçamento a ser utilizado.
É recomendado utilizar espaçamentos mais amplos no período da chuva. Caso o produtor opte em semear em épocas tardias, no fim da estação chuvosa, espaçamentos mais estreitos são uma melhor opção.
Maior população de plantas em espaçamentos inferiores resulta em menor produção de sementes por planta, porém aumenta a produção de sementes em relação a área total.
Esse é um efeito de plasticidade da cultura, característica que também ocorre na produção de matéria seca.
Como mencionado anteriormente, o feijão guandu se desenvolve bem em diferentes solos e condições.
Porém, para garantir uma boa produtividade, é importante que a saturação de bases seja elevada a 70% e o alumínio (Al+) seja neutralizado, pois o desenvolvimento da cultura é afetado por níveis tóxicos do alumínio.
É recomendado que se faça uma adubação de 40kg de fósforo e potássio para o crescimento da cultura. No entanto, esses valores podem ser diferentes de acordo com cada região.
O fornecimento de micronutrientes também é importante para que fixação biológica do nitrogênio (FBN) funcione com seu potencial máximo. Os micronutrientes podem ser fornecidos via aplicação foliar ou junto com adubos formulados.
A adubação de nitrogênio não se faz necessária graças à FBN. Para maior segurança, faz-se a inoculação de sementes com as bactérias do gênero Rhyzobium.
Controle fitossanitário
É importante fazer o controle de plantas invasoras antes da semeadura do feijão guandu para que não haja problemas de competição por água, luz e nutrientes.
O feijão guandu pode sofrer danos por saúva durante o desenvolvimento. O constante monitoramento da lavoura, assim como o manejo integrado de pragas são de suma importância para o correto manejo fitossanitário da lavoura.
Caso necessário, fazer o controle de lagartas que atacam folhas, flores e vagens utilizando inseticidas de contato ou sistêmico.
Outra praga que pode atacar o feijão guandu e causar danos são as formigas cortadeiras (Atta spp.), que podem ser controladas utilizando iscas ou formicidas.
Caso o produtor opte por utilizar iscas, é necessário encontrar o formigueiro seguindo os rastros deixados pelas formigas e posicionar as iscas no entorno do formigueiro. Alguns formigueiros podem ficar afastados da lavoura em áreas de mata nativa.
A cultura é moderadamente resistente à incidência de fungos e nematoides.
Feijão guandu para recuperação de pastagens degradadas
A cultivar acrescenta nitrogênio nas áreas de pastagem, promovendo melhoria na fertilidade do solo e aporta elevas quantidades de matéria vegetal ao solo.
Assim, favorece a ciclagem de nutrientes, aumenta o teor de matéria orgânica do solo e também a sustentabilidade do sistema.
Além disso, o feijão guandu contribui para a descompactação do solo graças ao seu sistema radicular vigoroso e profundo.
O guandu pode ser utilizado para alimentação animal, em cultivo solteiro ou em consorcio com pastagens.
É uma proposta interessante consorciar pastagens com o feijão guandu para suplementar a dieta do animal, já que a cultivar é rica em proteína.
Quando o feijão guandu é semeado no fim da estação chuvosa, em consorcio com pastagens é possível aumentar a taxa de lotação animal durante a estação seca graças à tolerância contra seca que a cultura apresenta.
Conclusão
O feijão guandu é uma excelente opção para utilização como planta de cobertura, alimentação animal e para descompactar o solo.
Essa leguminosa incrementa a produtividade de culturas implantadas em consorcio e de culturas subsequentes, além de conferir sustentabilidade ao sistema produtivo.
É uma cultura com grande potencial que está tomando grandes proporções nas áreas agrícolas do Brasil devido as suas diversas características benéficas.
Sendo assim, muitos produtores e pecuaristas estão utilizando o feijão guandu em sistemas de rotação e consorcio em suas propriedades.
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