Perdas na colheita de cana: Você sabe como reduzi-las?
Publicado em: 10/03/2020
Você sabia que o Brasil vem, safra após safra, tendo recordes de colheita de cana? Na safra 2018/19, por exemplo o país colheu cerca de 620 milhões de toneladas, mantendo sua liderança mundial da produção de cana-de-açúcar.
Porém, mesmo com esse elevado nível de produção, as perdas na colheita de cana são muito altas no país, a ponto de comprometer a produtividade do negócio.
Segundo avaliação da SOCICANA as perdas durante a colheita, essencialmente quando realizada de maneira mecânica, chegam a até 15% da produção. Certamente essa perda representa um prejuízo enorme para o agricultor, que precisa ponderar estratégias para reduzir isso.
Veja neste artigo algumas estratégias que irão ajudar o agricultor a otimizar todo o processo de colheita a ponto de conquistar melhores resultados. Confira a seguir!
Colheita manual para colheita mecanizada: O que mudou?
Particularmente nas duas últimas décadas, os sistemas destinados à colheita de cana passaram por mudanças bastante intensas. Passamos, por exemplo, da colheita manual (corte manual) para a colheita totalmente mecanizada, inclusive com o impedimento da queima da cana em muitas regiões.
Essa mudança contribui na busca por um sistema mais sustentável, tanto do ponto de vista econômico, quanto ambiental. Esse sistema é mais barato e não há mais a necessidade de queima (com a colheita de cana crua), possibilitando também deixar a palha no sistema.
Entretanto, mesmo com os significativos avanços em tecnologia que melhoram o processo de colheita de cana, ainda é possível observar muitas perdas e os números provam isso:
Um estudo da CTBE (Divisão Agrícola do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol) indicou que a perda na colheita seria suficiente para a aquisição nove usinas de etanol com capacidade de moagem de 2,5 milhões de toneladas por safra.
O trecho do infográfico abaixo, elaborado pela novaCana.com, representa bem essa relação:
O cálculo foi realizado utilizando como base um valor de transação de US$ 60 por tonelada de capacidade e um câmbio de R$ 3,33. Na cotação atual a perda seria ainda maior.
Além da perda financeira, falhas na colheita em virtude da mecanização ainda provocam:
Excessiva compactação do solo causada pelo tráfego constante das máquinas;
Consumo excessivo de mudas;
Elevados índices de perdas nos canaviais;
Inaptidão das colhedoras para trabalhar em canaviais que tenham cana tombada;
Excessivas perdas invisíveis, representadas pela quantidade de matéria-prima extraviada na forma de caldo, serragem e pequenos estilhaços
Por questões de legislação e ambientais, o uso da mecanização na colheita de cana é um caminho sem volta, com o produtor tendo que se acostumar! Mas, mesmo assim é possível pensar em estratégias para reduzir as perdas e melhorar a produtividade.
Veremos algumas destas estratégias no tópico a seguir.
Estratégias para otimizar a colheita de cana, reduzindo o desperdício
Várias são as estratégias e recomendações que o produtor pode considerar para otimizar seu processo de colheita, reduzindo as perdas e consequentemente aumentando a produtividade. As indicações mais importantes são:
1. Planejamento: Pensar em cada detalhe do plantio à colheita
Em qualquer cultura agrícola, caso da cana-de-açúcar, o planejamento da colheita deve começar antes mesmo do plantio e prosseguir em todas as etapas seguintes, até chegar à colheita propriamente dita.
Assim, é importante considerar fatores como:
Escolha da área de plantio;
Definição da época de plantio;
Atenção às diversas necessidades da cultura, como disponibilidade de água, temperaturas, radiação solar;
Controle de pragas, doenças e ervas daninhas;
Planejamento da colheita, que deve ocorrer de forma escalonada, não sobrecarregando apenas poucas semanas para a colheita.
Além de todo esse planejamento agronômico, é preciso também ter atenção especial com a questão administrativa, de manutenção do maquinário e climática, deixando tudo muito bem alinhado para o momento da colheita.
2. Faça a colheita no momento exato
Especialistas no setor indicam que o momento ideal para iniciar a colheita de cana é quando ela atinge a sua maturação, caracterizada como um processo fisiológico que envolve a formação de açúcares nas folhas e seu deslocamento e armazenamento nos colmos.
Mas como definir o momento exato para a colheita de cana? Há algum método?
A resposta é sim. Hoje em dia já existem muitas maneiras de refinar o momento exato da colheita da cana-de-açúcar.
Existe um método que faz a avaliação da maturidade da planta em relação à quantidade de açúcares presente no colmo da cana-de-açúcar. Neste caso usa-se um refratômetro de campo, que faz a leitura do valor de graus Brix do colmo.
Para a determinação do Brix, deve ser feita uma média dos resultados obtidos de 3 partes do colmo (base, meio e ponta), com a colheita devendo ocorrer quando essa média for maior que 18.
Feita a leitura, procede-se com a determinação do índice de maturação, onde o Brix do topo deve ser dividido pelo Brix da base vezes 100.
Neste caso, a colheita deve ocorrer quando o IM for próximo a 1.
3. Busque a máxima eficiência na colheita mecanizada
Quando realizado com qualidade, a adoção da colheita mecanizada de cana irá assegurar melhor aproveitamento da lavoura, com menores índices de danos e abalos às soqueiras. Isso proporcionará condições agronômicas propícias para haver a rebrota do canavial sem a diminuição da produtividade nas safras futuras.
Neste sentido, é aconselhável investir na implementação da gestão de qualidade e na tecnologia. Assim, voltamos novamente à importância do planejamento estratégico. Quando mal planejado — ou até sem planejamento algum —, certamente os custos serão elevadíssimos e os ganhos serão reduzidos.
Além disso, durante a colheita, também é importante prestar atenção na velocidade utilizada pela colhedora, onde velocidades acima das recomendadas pelo fabricante podem causar prejuízos, comprometendo a qualidade da colheita.
Também é importante deixar a manutenção das máquinas em dia para iniciar a colheita, além de treinar a mão de obra e ter peças de reposição para eventuais quebras ou perda de rendimento.
Por fim, ainda sobre a busca pela máxima eficiência, o uso de boas colhedoras é essencial, portanto, esteja sempre atento ao mercado em busca de novidades, caso das colhedoras de 2 linhas de 1,5 m e dos sistemas automáticos de ajuste de altura do corte de base.
4. Tenha total controle do tráfego das máquinas durante a colheita
Como já citado neste artigo, a excessiva compactação do solo observada após a colheita é um dos grandes problemas da mecanização da colheita de cana. Isso ocorre em razão do intenso trânsito de máquinas que ocorre nesse período.
Para contornar esse problema, o controle do tráfego dentro da área é primordial, como vemos no gráfico a seguir:
Além disso, as seguintes estratégias podem ser adotadas nesse sentido:
Tenha um controle para que as rodas da máquina passem sempre no mesmo lugar no momento da colheita e nunca sobre a linha de cana;
Faça a colheita na época mais adequada, inclusive ponderando os efeitos do clima;
Utilize mão de obra especializada para a colheita de cana mecanizada;
Use variedades de cana-de-açúcar que sejam adequadas à mecanização;
No planejamento do plantio, busque adequar o espaçamento da cana-de-açúcar com o maquinário a ser utilizado, fazendo com que o trânsito ocorra sempre nas entrelinhas;
Invista no uso de piloto automático ou GPS para auxiliar no controle do tráfego das máquinas.
Conclusão
Vimos que o Brasil é um excelente produtor de cana à nível mundial, entretanto, mesmo diante da mecanização, as perdas da colheita de cana ainda costumam trazer grandes prejuízos ao produtor.
Para reduzir essas perdas, o produtor precisa adotar algumas estratégias capazes de melhorar e otimizar todo o processo de colheita. Entre esses processos englobam melhora no planejamento do plantio à colheita, definição do momento ideal da colheita e estratégias para melhor uso das colhedoras de cana.
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