A conservação do solo é um ponto que vem sendo muito discutido atualmente, fazendo aparecer o conceito de plantas de cobertura de solo.
Isso porque partimos do modo de cultivo convencional para adoção de sistema mais conservacionistas.
As plantas de cobertura de solo estão associadas diretamente no que se trata de conservação do solo, tanto no aspecto físico, quanto químico e biológico.
Desta forma, vamos falar um pouco sobre o que são plantas de cobertura de solo e quais os benefícios elas podem trazer.
O que é planta de cobertura?
Anos atrás existia o conceito de adubo verde, que estava relacionado com o plantio de leguminosas às quais tinham por finalidade a realização da fixação biológica.
Porém, com o passar dos anos, o "Adubo verde" foi conceituado como sendo a utilização de plantas em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou deixando-as na superfície, visando a proteção superficial, bem como a manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo.
Então a partir disso, o termo planta de cobertura vem sendo utilizado como sinônimo de adubação verde, ou seja, as plantas utilizadas não são somente leguminosas, destacando a utilização das gramíneas, principalmente pelo fato de seu resíduo vegetal perpetuar por mais tempo na área.
Como podemos usar as plantas de cobertura de solo?
As plantas de cobertura de solo podem ser utilizadas tanto na rotação, na sucessão, no consórcio e no cultivo intercalar em áreas extensas de produção de grãos ou de perenes e na reforma de cana de açúcar.
Essas plantas são utilizadas em sistema convencional de preparo de solos, em sistema de plantio direto (SPD) e em sistemas de cultivo mínimo, com foco em adotar um sistemas de manejo eficiente para o controle de erosão e para a manutenção da fertilidade dos solos.
Além disso, as plantas de cobertura de solo podem ser cultivadas apenas por uma espécie, duas ou mais, sendo semeadas simultaneamente em mesma área.
Utilizar mais de uma espécie é ótimo quando estamos pensando em biodiversidade, mas isso vai depender do objetivo que se pretende ao realizar esse manejo.
Funções das plantas de cobertura
As plantas de cobertura de solo apresentam inúmeros benefícios, tanto no que se trata de solo quanto para a cultura principal.
A seguir elenco algumas funcionalidades das plantas de cobertura:
- Proteger o solo de chuvas de alta intensidade, diminuindo assim os riscos erosivos;
- Manter elevada a taxa de infiltração de água no solo, conseguindo desta forma conservar a umidade por mais tempo (maior retenção de água);
- Diminui a oscilação térmica, favorecendo à vida microbiana do solo pois cria condições ambientais favoráveis a vida biológica do solo;
- Ajuda a recuperar solos degradados;
- Auxilia na mobilidade de nutrientes lixiviados em profundidades e pouco solúveis, devido ao crescimento vigoroso e em profundidade do sistema radicular, principalmente o das leguminosas;
- Incorporar nitrogênio da atmosfera devido à fixação com bactérias do gênero Rhizobium e Bradhyrhizobium, que vivem em simbiose nos nódulos radiculares das leguminosas;
- Ajuda no controle de plantas daninhas seja por efeito físico e/ou alelopático;
- Melhorar a eficiência de fertilizantes minerais, porque as raízes das espécies utilizadas como adubo verde liberam ácidos orgânicos que ajudam a solubilizar os minerais do solo (como o fósforo), deixando-os disponíveis para as culturas subsequentes;
- Podem ajudar no controle de nematoide (Crotalaria spectabilis e Crotalaria ochroleuca);
- Incrementam a quantidade de matéria orgânica.
Características das plantas de cobertura de solo
A escolha da espécie a ser introduzida no sistema é de extrema importância, umas vez que cada uma apresenta características pontuais.
Mas em suma as plantas de cobertura de solo devem apresentar alguns características pautadas como importantes, tais como:
- Crescimento rápido (exerce rapidamente o efeito supressor sobre as plantas daninhas);
- Proporcionar boa cobertura do solo;
- Grande produção de massa;
- Capacidade em realizar a fixação biológica do nitrogênio (FBN), no caso das leguminosas;
- Bom desenvolvimento radicular;
- Facilidade na obtenção de sementes;
- Fácil extinção;
- Não ser hospedeiro preferencial de doenças, pragas e nematoides.
Cuidados na escolha!
Nem toda espécie de planta de cobertura de solo se adéqua a qualquer condição climática, tanto é que existe uma subdivisão das plantas de cobertura de verão e de inverno.
Por isso estudar bem a planta e o sistema onde essa será inserida é importante para que haja sucesso ao utilizar dessa estratégia de manejo.
A escolha também deve ser baseada nas limitações do seu sistema de produção, pois isso vai te direcionar para uma espécie que apresente maior potencial em agregar benefícios quanto a solução da problemática.
Casos práticos
Nesse tópico destaco algumas formas de utilizações práticas das plantas de cobertura de solo!
É comum a utilização associada de leguminosas e gramíneas, pois as primeiras conseguem fixar nitrogênio, o que reduz os gastos com adubação, porém tem uma palhada que dura pouco tempo.
Já as gramíneas apresentam uma alta produção de massas, mesmo sob condições adversas, e sua palhada perpetua mais tempo no solo.
Quando estamos nos referindo ao controle de plantas daninhas, é muito relatada a Brachiaria ruziziensis, pois é uma planta que cobre bem o solo, dificultando o desenvolvimento das daninhas.
Em se tratando do manejo de nematoide algumas plantas se destacam, sendo elas Crotalaria spectabilis e Crotalaria ochroleuca, pois são plantas que apresenta-se como más hospedeiras dos principais nematoides que causam dano econômico às espécies cultivadas para produção de grãos e fibras.
Quanto à utilização de plantas de cobertura para o manejo de doenças, podemos citar as braquiárias como sendo muito eficiente no manejo do mofo branco, doença que vem causando sérios prejuízos às culturas do feijão e algodão.
O milheto também auxilia no controle de algumas doenças, como por exemplo Fusarium e Rhizoctnia.
Ainda conseguimos destacar plantas de cobertura que auxiliam no manejo de pragas como o percevejo castanho (Scaptocoris castanea), destacando a Crotalaria spectabilis.
Em cana de açúcar é comum utilizar a Crotalaria juncea como rotação, pois relata-se que ocorre um aumento de produtividade.
Ainda em cana também é comum utilizar o milheto+crotalária, tanto em cultivo exclusivo, como na renovação do canavial ou em cultivo consorciado, relatando que tem efetiva contribuição na redução de quantidade de N requerido, que ocorre aumento nos rendimentos físicos da cana-de-açúcar e também que ajuda no controle de daninhas, como a tiririca (Cyperus rotundus).
Conclusão
Nota-se que o modo convencional de sistema de produção precisa de incrementos quanto à sustentabilidade do processo.
Desta maneira, apresentamos a importância das plantas de cobertura de solo dentro desse contexto e ainda destacamos suas funções e algumas formas de utilização e manejo.
Por isso, inserir essas plantas dentro do sistema de produção, mesmo que não gere lucro direto, deve ser planejado tendo em vista seus grandes benefícios, sejam eles nos que se trata de solo e até mesmo no controle de agentes externos.
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