A lavoura de cana-de-açúcar é uma das únicas culturas que permite de três a seis colheitas consecutivas com excelente produtividade sem a necessidade de replantio. Porém, depois de uma certa quantidade de colheitas consecutivas, o ciclo da cana fica mais próximo de se encerrar e o produtor tem que se preparar para a reforma do canavial.
No entanto, o processo de renovação do canavial tende a exigir muito investimento por parte de produtores e diante da crise que o setor passou nos últimos anos, muitas lavouras já completaram 10 anos sem terem sido trocadas.
Mas, os últimos indicadores mostram que a situação econômica começa a melhorar, consequentemente a taxa de renovação dos canaviais está se aproximando da ideal, principalmente pelo aumento do interesse de produtores e usinas.
Porém, ainda são muitas as dúvidas e dificuldades do produtor sobre a definição do ponto ótimo de renovação. As dificuldades também giram em torno de saber quais são as melhores estratégias de manejo para iniciar um novo ciclo da cana.
Essas são também as suas dificuldades? Então acompanhe nosso texto de hoje e saiba mais sobre a renovação de canaviais.
Vale a pena fazer a reforma do canavial?
Todos nós sabemos que a cana-de-açúcar é uma cultura semiperene, ou seja, após o plantio, ela é cortada várias vezes antes da necessidade de replantio. Seu ciclo produtivo é, em média, de seis anos com cinco cortes.
Após o primeiro corte, que corresponde à chamada cana-planta, o canavial é colhido, em média, mais quatro vezes (cana soca ou segunda colheita) a partir da rebrota da cana cortada (soqueira), totalizando 5 a 6 cortes.
Depois disso a produtividade da cana pode cair, principalmente em áreas de baixa fertilidade, sendo esse o momento de fazer a reforma do canavial. Mas ainda fica a pergunta: será que realmente vale a pena investir em um processo de reforma do canavial?
Essa pergunta é bastante comum entre produtores e usinas, que chegam ao quinto ou sexto corte e se perguntam: “Será que eu ganharia mais se renovasse o canavial ou vale a pena seguir com mais um corte?”
Para ter a resposta, o produtor precisa considerar alguns fatores:
- Qual é o capital disponível para investir na renovação do canavial?
- Qual é a rentabilidade dos últimos anos, ou seja, quanto foi o ganho pela tonelada de cana subtraído por todos os custos de produção?
Além disso, por ser uma cultura semi-perene, a contabilização da cana-de-açúcar não pode ser realizada de forma direta. Em termos gerais, é preciso calcular o custo por tonelada (R$/t) na cana-planta (normalmente cana de ano e meio – cana de 18 meses) e na cana-soca (soqueira cana-de-açúcar) de maneira específica.
Somente assim o produtor terá a real noção dos gastos por tonelada de cada colheita que o ajudarão a decidir sobre a renovação do canavial.
Investir em planejamento é sempre fundamental
Assim como ocorre com qualquer atividade agrícola, um planejamento bem feito tem grande importância na busca por bons resultados no cultivo da cana-de-açúcar, já que todas as atividades que estão envolvidas na implantação do canavial precisam ser previamente programadas.
Todo esse planejamento compreende desde a compra de insumos, utilização de máquinas e implementos agrícolas, mão de obra, análise e preparo do solo, escolha da variedade de cana, entre muitos outras.
Mas o mais importante é que todo esse planejamento da lavoura influencia diretamente também no planejamento da próxima reforma do canavial, sendo importante registrar todas as atividades e custos para avaliar se realmente compensa a renovação da plantação de cana-de-açúcar.
Falando especificamente do processo de renovação, o produtor precisa estar atento e se decidir entre às possibilidades que se adequem à cada necessidade, ou seja, plantio direto da cana crua ou uso da rotação de culturas que contribuem com a reforma, como veremos a seguir.
Rotação de culturas: Grande aliada da reforma do canavial
Como já dito, passada a última crise, o momento agora é de buscar “recuperar o tempo perdido” e investir em reforma do canavial. Neste cenário, a rotação de culturas se configura como uma grande aliada, principalmente com o uso dos chamados adubos verdes de ciclo curto.
O objetivo do uso da rotação de culturas é obter uma cobertura superficial do solo, mantendo ou até melhorando as propriedades físicas, químicas e biológicas deste solo, inclusive, em profundidade.
O cultivo destas espécies de ciclo curto em áreas de reforma do canavial proporciona ao produtor uma série de outras vantagens agronômicas, financeiras e sociais, tais como:
- Economia na reforma do canavial;
- Melhor conservação do solo, devido à manutenção de cobertura numa época de alta precipitação pluvial;
- Alta absorção de água no período de fortes chuvas, evitando problemas como a erosão;
- Controle de plantas daninhas durante o cultivo anual da cana, com combate indireto às pragas;
- Melhor aproveitamento do colaborador na entressafra da cana;
- Uso da infraestrutura disponível para o cultivo dos adubos verdes;
- Aumento da produtividade e da rentabilidade da atividade.
Entre as possibilidades de leguminosas utilizadas na rotação de culturas durante o intervalo da reforma, tem-se a Crotalaria juncea, a soja e principalmente o amendoim, que veremos melhor a seguir.
Amendoim, uma excelente opção para a rotação de culturas
Uma das culturas mais interessantes para a reforma do canavial é o amendoim, conhecido por ter um dos melhores preços no mercado.
Além de contribuir para o aumento da produtividade dos canaviais durante os intervalos de reforma, o amendoim apresenta baixa exigência de fertilidade, além de possuir um sistema radicular bem desenvolvido e boa adaptação a vários tipos de solo.
Além dessas vantagens, a prática com o amendoim proporciona ganhos econômicos importantes, pois contribui para a boa manutenção da terra, equilibrando nutrientes como o nitrogênio, que é essencial para o desenvolvimento da cana, contribuindo para uma considerável recuperação do solo.
Dicas para não errar na reforma do canavial
Depois de muito estudo e planejamento você enfim optou em renovar seu canavial? Ótima opção! Mas há alguns fatores que merecem atenção total para realizar uma eficiente reforma. São eles:
1. Se atente à escolha correta da variedade de cana-de-açúcar
Com o aumento da tecnologia, atualmente temos diversas variedade de cana-de-açúcar para cada tipo de produto (etanol, açúcar, aguardente, etanol de segunda geração etc). Assim é preciso escolher qual será a variedade a ser utilizada na reforma do canavial.
Essa escolha deve fazer parte do planejamento agrícola, pois influenciará nos manejos a serem realizados durante a condução da plantação, tais como irrigação, adubação, preparo da terra e controle de doenças e pragas.
2. Faça a análise do solo da área a ser reformada
É de fundamental importância realizar a análise do solo a ser reformado para identificar sua fertilidade. Nessa análise será possível identificar quais nutrientes estão em nível adequado e quais estão em falta para a plantação de cana-de-açúcar.
Essa análise é essencial mesmo naqueles solos que tenha apresentado alta fertilidade nos anos anteriores, isso porque com as sucessivas lavouras, a quantidade de nutrientes naturalmente diminui.
Com o resultado em mãos, será possível determinar o que precisa ser acrescentado no solo para a cultura da cana-de-açúcar, evitando desperdícios e gerando ganhos na produtividade no processo de reforma do canavial.
3. Faça um bom manejo de plantas daninhas
Outra atividade que merece atenção redobrada na reforma do canavial é o manejo de plantas daninhas. Se nós iniciarmos o plantio da cana-de-açúcar em uma área que tenha plantas daninhas, teremos trabalho redobrado no controle delas ao longo do ciclo da cultura.
Por isso, precisamos nos precaver e pensar em qual será a estratégia para o controle das plantas daninhas que são um problema na propriedade.
4. Faça a opção pela reforma em faixas
Muitos produtores, no anseio de melhorar a produtividade em toda a área de canavial, iniciam a reforma da cabeceira e atingem 100% de toda a área, isso certamente resultará em uma erosão bastante acentuada.
Por isso, fazer a reforma em faixa é a melhor estratégia, pois você estará melhorando a produtividade sem causar maiores problemas ao solo.
Conclusões
A reforma do canavial costuma ser a melhor opção quando a plantação tem sua produtividade reduzida. Porém, seu custo tende a ser elevado, por isso é preciso fazer um bom planejamento e uma análise clara para definir qual será o momento ótimo para decidir pela reforma.
Com essa decisão, o produtor precisa ponderar a possibilidade de adotar a rotação de culturas nessa área em reforma, pois essa estratégia permite muitas vantagens (econômicas, agronômicas e sociais).
Por fim, é preciso que a reforma do canavial seja precedida de alguns cuidados essenciais, como análise do solo e a renovação ocorrendo sempre em faixas e não em toda a área de uma única vez.
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